sábado, 3 de outubro de 2009

Lanternas

Gerações Esmeraldas, Gerações de Luz

Já é uma tecla batida varias e varias vezes e por pessoas de longe melhores que eu (vide Gerações Esmeralda), mas que merece sempre ser lembrada porque é algo que, acredito eu, é uma reflexão importante para nossa geração. Não é mistério para ninguém que eu sou um grande fã do Lanterna Verde e que, quase sempre Lanterna Verde para mim é sinônimo de Hal Jordan (que é o Lanterna que eu sou fã), mas um fato que é menos conhecido é que já houve três gerações de Lanternas Verdes da terra e Hal Jordan é apenas a segunda.
Antes de continuarmos quero deixar bem claro um fato: Sim, eu descarto a existência de John Stewart e Guy Gardner, eles para mim não são nada, totalmente dispensáveis na cronologia dos Lanternas e NUNCA foram ou serão Lanternas Verdes da Terra. Kilowog (assim como Mogo, Arisia, Bzzd, Tomar-Re e tantos outros) é muito mais Lanterna em uma unha do que esses dois jamais serão um dia. Dito isso continuemos.
O Lanterna Verde original, o da Era de Ouro, é o empreendedor Allan Scott. Allan nunca fez parte da Tropa, seus poderes são mágicos e foram concedidos por uma lanterna mágica que o salvou de um acidente de trem e lhe escolheu para ser o portador da energia esmeralda. Allan podia não ter problemas extraterrestres ou um setor espacial para cuidar, mas ele teve que enfrentar a lendária grande guerra, a Segunda Guerra Mundial e mesmo com todo seu poder o Lanterna Verde não podia interferir em nada na Europa graças as precauções místicas tomadas por Hitler e os nazistas. Mas, mesmo não tendo a Tropa, o Lanterna não se encontrava sozinho nesses tempos negros: ao seu lado lutaram vários dos grandes heróis da época na chamada Sociedade da Justiça, a primeira super-equipe do mundo, o qual Allan foi o líder em várias encarnações da equipe. Conhecido sempre como o estadista, Allan Scott é amplamente reconhecido pela sua capacidade de liderança, sua sabedoria, seu discernimento. Em um mundo onde “forças do bem e do mal, da luz e das trevas se digladiavam diariamente em uma luta pelo destino do mundo” (citando as frases típicas da época) e mesmo os super-poderosos não podiam interferir, Allan Scott foi com excelência o que seu codinome sugeria: ele foi uma lanterna para iluminar o que era o certo a fazer, ele foi um exemplo, um herói, um super-homem antes do Super-Homem (como se diz atualmente na cronologia, agora que o Super foi apagado da Era de Ouro). A Lanterna não escolheu Allan Scott aleatoriamente: ele foi escolhido porque era um foco de luz em meio às trevas em que o mundo havia mergulhado, porque ele era um herói nato.
Já o segundo Lanterna (que ficou consagrado como o Lanterna Verde por excelência), o da Era de Prata, é o piloto de testes Hal Jordan. Hal Jordan foi escolhido por um alien para representar a lei em todo um setor do universo por ser a pessoa mais corajosa na terra e além. Hal foi escolhido para cuidar de todo um setor espacial, mas só a Terra já seria problema o suficiente: novamente o mundo se encontrava bi polarizado, dividido entre o capitalismo norte-americano e o socialismo russo na Guerra Fria. Com o mundo à beira de uma Guerra que podia destruir toda a humanidade, Hal Jordan e sua insígnia universal tinham a dura missão de manter a paz, mas apesar de todo o fardo com que tinha que lidar, tanto na Terra como além, Hal não estava sozinho: na Terra ele tinha a Liga da Justiça (da qual ele é membro fundador), a maior e mais importante das super-equipes e no espaço ele podia contar com a ajuda da Tropa dos Lanternas Verdes, a policia espacial composta de 3600 membros de planetas e setores diferentes (sendo Hal Jordan um deles). Ao contrario do sábio, estrategista e estadista Allan Scott, Hal Jordan era um homem de emoções: lendário por sua coragem e força de vontade inexpugnáveis, sempre pronto a ação, justo, fervoroso, questionador, apaixonado... Hal Jordan era o herói que pulava de cabeça. O anel de Abin Sur, em nome dos Guardiões, escolheu Hal Jordan porque ele tinha a capacidade de superar grandes medos e de ser uma luz na gélida escuridão da Guerra Fria, porque ele era um herói nato.
Então nós chegamos à terceira geração de Lanternas Verdes da terra: Kyle Rayner. Kyle, um desenhista na eterna pindaíba (como a maioria dos artistas), não foi escolhido por sua sabedoria ou sua capacidade de superar grandes medos, muito pelo contrario: Kyle foi escolhido totalmente por acaso. O ultimo guardião com o ultimo anel dos Lanternas se teleportou para Terra e acabou caindo em um beco escuro, ao ver Kyle o entregou o anel com a não muito inspiradora frase: “Você terá que servir.” Kyle recebeu a arma mais poderosa do universo e um dos mais importantes mantos do mundo heróico de repente e não havia ninguém para ajudá-lo, ele mal conhecia os Lanternas anteriores, não havia mais Tropa, não havia super-equipe que o conhecesse... Ele estava sozinho. E sozinho ele teve que se virar, aprender a usar seus poderes e a ser um herói. E não foi um caminho fácil: um dos seus primeiros atos foi ter que lutar contra um dos grandes inimigos do Superman e o primeiro herói que conheceu foi logo o maior heróis da Terra, o Super em pessoa; logo no início de sua carreira sua namorada foi morta por um super-vilão a serviço do governo e deixada na sua geladeira; ele descobriu (logo após a morte de sua namorada) que ele era o ultimo portador de um legado universal, que o mundo estava em crise precisando dele e o causador do problema era o ultimo a sustentar seu manto antes dele, um anteriormente o maior dentre 3600 Lanternas e agora ensandecido Hal Jordan.
A vida de Kyle como Lanterna sempre foi assim, mas havia algo que piorava ainda mais a situação. Allan Scott e sua geração tinham que se preocupar com os nazistas, Hal Jordan e sua geração tinham que se preocupar com os comunistas, mas e Kyle Rayner? E nossa geração? Nós não temos um bicho-papão mundial para vigiar, o bem e o mal não são divididos por fronteiras, o mundo não é mais tão maniqueísta. Sem um mal externo nós acabamos por reparar no mal que há dentro de nós: nossas fraquezas, medos, incertezas... Antes os Lanternas tinham que ter fraquezas exteriores (como madeira ou amarelo) para poderem ser derrotados, mas Kyle já tinha que vencer a seus próprios demônios internos antes de superar cada desafio. E mesmo assim ele se tornou um herói.
Por isso eu acho que Kyle pode até não ser o maior Lanterna Verde, mas é o mais representativo: ele é a prova que heróis não nascem são construídos (isso é do Homem de Ferro, eu sei), pois ele mais do que qualquer outro mostrou o que é ser um Lanterna Verde: ele mostrou a força de vontade necessária mesmo quando tudo dá errado, ele mostrou o poder de superar grande medos e adversidades. Kyle Rayner tem a capacidade de ser uma Lanterna em meio à mais cinzenta das eras, em um momento em que o bem não é especifico ele tem que fazê-lo brilhar mais que nunca. Kyle é uma inspiração em uma época conturbada: fracassado, inseguro, incerto, sofrido, ele é tudo menos um herói nato, mas mesmo assim um dos maiores heróis da historia!
Para encerrar eu quero deixar (até mesmo de inspiração) um dialogo da revista Lanterna Verde Renascimento: Hal Jordan acabou de voltar e, junto a Kyle Rayner, escorraçar Sinestro; quando ele decide ir para Terra deter Parallax, Kyle o para e diz: “Espera. Você deve saber que eu não sou como os outros Lanternas, Jordan. Eu não... Eu não sou um sujeito capaz de sobrepujar grandes medos ou coisa do gênero.” Hal sorri e responde: “Lutando de um extremo do universo ao outro. Arriscando a vida pra ajudar alguém que todo mundo descartou. Enfrentando Sinestro no braço e sobrevivendo pra contar a historia. O que você acha que andou fazendo, Kyle? Se escondendo debaixo de sua prancheta?”

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