sábado, 21 de novembro de 2009

Humanidade

O que faz de heróis heróis? Tanta gente já respondeu essa pergunta, tantos já mostraram o valor existente por trás das mascaras que não pensam duas vezes antes de arriscar suas vidas por todo o mundo. Isso todo mundo já sabe.
O meu questionamento hoje é outro: o que impede que heróis se tornem vilões? O que diferenciam personagens como Kal-El e J’onn J’onzz de outros como Mogul e Darkside? O que faz com que heróis formem super-equipes? É claro que o que leva heróis a se juntarem pode ser a necessidade de lutar contra uma ameaça grande demais para eles separadamente, mas não é isso que os mantém unidos.
Esse elemento que estou trazendo á tona normalmente é esquecido frente aos feitos inacreditáveis, aos poderes e habilidades sobre-humanos e aos uniformes coloridos e/ou símbolos marcantes, mas tem estado cada vez mais em foco desde a década de sessenta. Antigamente, em meio aos caos da Guerra, as pessoas só queriam, ou melhor, precisavam que o bem e o mal fossem bem definidos, preto e branco. Mas com o fim do grande inimigo internacional, cada um de nós foi descobrindo um inimigo interno, fomos vendo que o mal não estava somente na distante Alemanha, mas também ao nosso lado e em nós. Os tons de cinza surgiam tão fortes que eram capazes de abalar até mesmo o eterno, ignorante e inexorável patriotismo dos Estados Unidos. Nesse contexto como nós continuaríamos a nos identificar com pessoas tão extraordinárias, perfeitas e infalíveis como os heróis?
Aí surgiu uma geração brilhante (e aqui eu quero destacar o nome do grande mestre Stan Lee) que veio para nos lembrar que para os heróis serem pessoas extraordinárias, antes eles tinham que ser pessoas: ter medos e esperanças, sonhos, aspirações, remorsos, arrependimentos, gostos, dias ruins, ira e sexualidade. O que nós liga aos heróis é o estranho misto entre humanidade e extraordinário, o nosso mundo e o mundo que só é possível na ficção. Pois como os heróis poderiam defender a humanidade se eles mesmos não a compreendessem, não fizessem parte dela. Todos destacam Batman e Justiceiro (dentre outros) como símbolos de humanidade só por não terem super-poderes, mas eles são os que mais tentam fugir da “humanidade”, dos sentimentos e “fraquezas” humanos (Frank Castle, diga-se passagem, não raramente é desumano).
Por outro lado tanto Flash, Lanterna Verde, Capitão America, Homem-Aranha, apesar dos poderes e dos uniformes, ainda são humanos em todos os níveis, muito mais até que nomes como Batman, pois eles não fogem da humanidade, não se escondem dela em uma caverna, mas tem o prazer de conviver com o resto dos seus iguais; pois é assim que eles vêm: como iguais. Eles não são perfeitos, não são infalíveis. Apesar de tudo, são apenas humanos com boas escolhas.
E esse o grande questionamento: se o que faz dos heróis heróis é apenas humanidade e as escolhas certas, o porque nós não podemos ser heróis? Ou melhor: quem disse que não o somos?

Um comentário:

  1. Por isso que eu sou apaixonada por você, hahahaha.
    Muito bom o texto, muito mesmo. :)

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