quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Shazam!”

“Olhem Lá No Céu...!”

Um dia desses peguei-me perguntando a mim mesmo porque caras do mal, mais especificamente o Batman, faz tanto sucesso. Como ele é o cara que mais vende HQ’s? Tentei dizer mim mesmo que era por identificação: ele é um cara sem poderes, um humano normal e ainda sim uma dos maiores heróis do mundo. Eu ainda quero acreditar nessa teoria, mas a falta de fãs do Arqueiro Verde me faz recuar um pouco nessa perspectiva.
No fundo eu acho, principalmente pelo fato de o maior vendedor da Marvel ser o Wolverine, que tipos como ele, o Batman, até mesmo o Lobo, vendem muito porque o mundo está se tornando um lugar cada vez mais negro e sombrio. Metrópoles sempre foi considerada a cidade do amanhã, mas estamos cada vez mais caminhando para nós tornarmos uma imensa Gotham. E as pessoas parecem gostar disso! O maior exemplo é que o Coringa é um dos maiores ídolos pop’s da atualidade!
A verdade é que eu sempre achei, sempre nutri esperanças (e no fundo ainda nutro) que pelo menos nós NERD’s fossemos diferentes. Não sei... Achei que justamente as HQ's fossem manter aquele tom de “além-realidade”, algo de mágico, algo (perdoem a alusão) de super! Achei que justamente nós NERD’s fossemos preferir o desligado e genial cientista, Reed Richards, ao vigilante assassino que resolveu fazer justiça com as próprias mãos, Frank Castle; preferir o brilhante e tímido doutor de física, Ray Palmer, ao sombrio jornalista\detetive com teorias da conspiração, Vic Sage; preferir nosso querido amigo da vizinhança, estagiário, CDF, universitário e fotografo freelancer que mora com a tia, Peter Parker, do que o canadense brutamontes, ex-militar, sem passado, que esbanja super-poderes sempre crescentes, fuma charuto, está sempre bebendo, dirige uma moto, resolve tudo na força bruta e se acha o melhor (dentre outros demais “atributos”), Logan; preferir o caipira que veio de uma pequena vila no interior, usa óculos, é tímido e desajeitado, trabalha de jornalista, era um dos melhores alunos (mesmo tendo potencial para ser um dos melhores atletas), todo certinho, Clark Kent, ao invés do playboy complexado, mega rico, atleta declarado, que se não esta agindo como um playboy idiota, esta sendo um dos mais sombrios, complexados e de sanidade questionável seres que se tem noticia, Bruce Wayne... Em suma, pensei que justamente nós fossemos preferir o Bruce Bane ao Hulk.
Não pretendo negar a importância (até mesmo vital) do lado sombrio e realista que nomes como Allan Moore e Frank Miller trazem para os quadrinhos, mesmo porque esse lado sombrio faz parte da vida, mas ainda sinto falta da magia que só é possível em locais como as HQ’s. Sinto falta da alegria, das cores vibrantes de heróis como o Lanterna Verde Hal Jordan, que baseava seu poder em força de vontade e imaginação, que foi escolhido para o cargo pelo seu poder de superar grandes medos, que rompia todas as fronteiras do espaço, mas que também estava sempre sem dinheiro, mudando de emprego, conquistando incontáveis mulheres porque não se acertava com seu grande amor e que tinha como herói o próprio pai; heróis como o Flash Barry Allen, um cientista que mesmo sendo super-poderoso fazia questão de correr no meio do povo, chamava a todos da sua cidade pelo nome, que era casado, que mesmo sendo o homem mais rápido do mundo estava sempre atrasado na vida pessoal e que baseou sua carreira de super-herói em um ídolo dos quadrinhos. Heróis que eram gente normal e felizes com isso. Heróis de cores vibrantes que transmitiam vida e alegria de viver. Esperança.
O maior exemplo disso era o meu herói e infância: Capitão Marvel. Uma criança que ao dizer palavra mágica virava o mortal mais poderoso da terra, mas no fundo era uma criança. Era um Superman humano, melhor ainda, uma criança que ganhava seus poderes por mágica. Cap. Marvel para mim sempre foi à janela para o mundo em que todos queriam viver: mais simples, mais feliz, mais mágico. Um mundo em que eu queria acreditar (tanto que, quando criança, mais de uma vez eu me pegava dizendo “Shazam” na esperança de ser atingindo pelo raio mágico). Billy Batson, o Cap. Marvel, representa isso: a justiça infalível na pureza e inocência de uma criança, o poder nas mãos de alguém realmente bom, o poder nas mãos daqueles que são o futuro. Capitão Marvel representava esperança.
Quero agradecer a nomes como Bruce Wayne, Olliver Queen, Danny Colt e Tony Stark por nós mostrarem e nos lembrarem sempre que temos que fazer algo, não importa o quão comum sejamos, que o destino está em nossas mãos, mas eu ainda sinto falta e quero ver o dia, (e sim: tenho esperança que ele vai chegar (e que venha nos quadrinhos antes, como uma profecia)) em que o que é certo, a justiça, não precisara se restringir as sombras, não terá que ser feita de modo marginal como algo ilegal e imoral, mas estará sobre nós brilhando em cores vividas, de modo que não seja possível esquecermo-nos dela. Um dia em que a verdade, a justiça será uma certeza inalienável, que será infalível, super-poderosa, mágica. Um dia em que nós possamos crer no mundo, até mesmo em mágica. Um dia em que a esperança reine como certeza de que no dia mais claro ou na noite mais densa nenhum mal escapara ante a nossa presença. Não importa se esse dia vier correndo super-veloz, voando com um anel verde, trajando uma capa e um “s”, se vier de vermelho com um raio como símbolo ou até com a cueca por cima da calça, o importante é que nesse dia nós poderemos voltar o olhar para cima com esperança. Nesse dia eu erguerei minha mão para apontar para o firmamento e dizer com a voz embebida de orgulho, alegria, certeza e, sobretudo, esperança para dizer: “Olhem lá no céu...!”

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