sexta-feira, 7 de agosto de 2009

ID, EGO e SUPEREGO ou Coringa, EGO e Superman

Vagando pelas minhas pífias observações sociais vi como nós, não só como indivíduos, mas também como coletivos diversos, costumamos a dar a alguém ou algo o posto de SUPEREGO, EGO ou ID. Consciente ou inconscientemente. Até mesmo criando uma figura de vazio quando se quer enganar a si mesmo dizendo que um dos três componentes simplesmente não faz parte de nossa personalidade. Posso estar falando bobeiras, não sou um dos “entendidos” no assunto, mas mesmo assim vou me arriscar a expor minhas teorias.
Para exemplifica poderia buscar exemplos extremamente úteis e ilustrativos em toda historia social e literatura, mas busco o melhor dos exemplos, o qual acredito que é comum, efetivo e atual para todos os viventes nas ultimas sete décadas: uso os quadrinhos.
Antes de continuar o texto sou obrigado a abrir aqui um parêntese para registrar meu protesto quando aqueles que vêem HQ, os famosos quadrinhos, não como uma literatura, mas como uma arte menor. Para mim a HQ é uma arte tão grandiosa quanto qualquer outra. Para mim é um ignóbil aquele que não percebe a importância literária de nomes como Garfield, Hagar, Calvin & Haroldo, Charlie Brown & Snoopy, Turma da Mônica, Piratas do Tietê, Overman, dentre tantos outros. Não irei aqui parar para enumerar os porquês, para mim, Watchmen e Crise de Identidade, por exemplo, estão no mesmo nível de Hamlet, Édipo Rei ou O Avarento, só peço emprestado, para resumir o assunto, as expressões de Nelson Rodrigues para dizer que os que não vêem os quadrinhos como arte não enxergam o obvio ululante e, exatamente por isso, são cretinos fundamentais. Deus abençoe Will Eisner, Gardner Fox, Stan Lee e todos os outros que contribuem para essa arte. Dito isso, voltemos ao assunto.
É extremamente fácil pintar imagens de EGO e ID, mas principalmente de SUPEREGO. Mesmo porque é impossível usar-se a palavra “super” sem pensar nele, sem que a imagem do “S” em vermelho e amarelo sobre o vasto peito do uniforme azul lhe salte a mente. Afinal esse é o nome dele: o Homem do Amanhã de Metropolis, o Ultimo Filho de Kripton, o Homem de Aço, mais forte que uma locomotiva, mais rápido que uma bala, podendo passar por sobre grandes edifícios com apenas um salto, o Super-Homem, o Superman.
O Super, como é popularmente conhecido e chamado, foi criado para personificar a moral (na pratica “Verdade, Justiça e Modo de Vida Americano”): O Super não mata, não mente, luta sempre de mãos limpas, não usa truques, não esconde o rosto (o fato de ninguem reconhece-lo quando ele tira os óculos e muda o penteado não está em questão aqui, mesmo porque não há explicação plausivel), sai sempre à luz do dia, sobrevoa a todos de modo a ficar bem visivel, está sempre disposto a fazer tudo em prol do proximo, mesmo que isso lhe custe à vida e até seu lendario uniforme com a “cueca por cima da calça” (que inspiraria o visual de inumeros outros heróis ao longo dos anos) não foi escolha dele, pois, na verdade, ele o usa porque foi sua mãe que o fez.
Se pensarmos bem tanto o SUPEREGO quanto o Super-Homem compartilham lugares similares no imaginario dos diferentes tipos de pessoas: para alguns tanto o moral quanto o arquetipo de héroi são ideiais a serem seguidos, inspirações; para outros são figuras ultrapassadas, ridiculas (quem leva a serio alguem que usa a cueca por cima da calça e tem por disfarce tirar os óculos); outros adimite que é muito belo, mas irreal, impossivel no mundo real.
A moral, o Super-Homem, o SUPEREGO (principalmente do ponto de vista coletivo) estão lá em cima olhando por nós, nos vigiando e impedindo de desrespeitar as leis sociais. Você pode até tentar ignorar-lo e fazer algo “errado”, mas lá no fundo, mesmo que não queira admitir, todos tem medo de ser descoberto, todos torcem para não ouvir a frase: “Olha lá no céu!...”
Passemos do dia mais claro para a noite mais densa.
Saindo da luz de Apolo no qual o Super retira seus poderes, caimos no mais intimo e profundo da escuridão, onde ninguem enxerga, para apresentar a personificação do ID: o mais aterrorizante e sombrio vilão do Cavaleiro das Trevas, o insano dos insanos, o pisicopata supremo, o Principe dos Loucos, o Palhaço do Crime, o Coringa. O Coringa manipula, representa, personifica e, até mesmo, estimula todo o lado mais obscuro do ser humano que nós, obdescendo a moral da sociedade, lutamos para reprimir.
Para analisarmos essa figura de modo a demonstrar o como ele personifica o ID, acho interressante partir de um ponto que pode parecer irrelevante: a palavra “super”, que, como já foi citado, remete automaticamente do Super-Homem, personificação do SUPEREGO. Esse é o ponto: o Coringa não tem nada de “super”. Em todos os sentidos. Não é somente a sua extrema dicotomia do Super-Homem, mas em um mundo povoado por Super-Herois e Super-Vilões, o Coringa nunca foi nenhum desses, ele sempre foi um vilão sem nenhum poder ou habilidade especial. Então como ele consegue dar trabalho a tantos super-herois (incluindo o proprio Super-Homem), ser o pior inimigo de um dos maiores super-herois da terra, ser um dos (se não O) mais temido seres do seu mundo? A resposta para essa pergunta é o que faz que o Coringa seja, para mim, a personificação do ID.
Mais do que ser o exemplo de psiciopata por excelencia ou pelo fato de ser totalmente imprevisivel, o que o torna o Coringa tudo o que ele é, é o fato dele ser completamente irrefreavel. Se o Super-Homem tem que ser escravo de uma absoluta e rigida disciplina para controlar seu poder descomunal, o Coringa simplesmente realiza todo impulso que lhe acomete. Se algo deixar-lhe zangado ele o explodira; se ele quiser algo ele o tomara para si; se ele decidir que é divertido matar alguem ele definitivamente mata sem seguer pestanejar. Isso se reflete até na aparencia do vilão, remetendo a comicidade e ridiculo, que normalmente seria reprimivel pela sociedade, mas o Palhaço do Crime não liga nem teme as conseguencias de seus atos. Ele só segue seus impulsos, só faz o que deseja.
Como disse antes, não me pretendo certo e, muito menos absoluto: não sou especialista no assunto e deixo isso a cabo dos “entendidos”. Queria apenas mostrar e exemplificar o como essa disputa interna de cada ser humano permanecia e se reflete em todos os mais divertidos campos. Apenas para concluir queria mostrar como essas figuras de SUPEREGO e ID são compativeis a realidade: tanto Metropolis, a cidade do amanhã, protegida pelo Homem de Aço, quanto a sombria Gotham, cidade atemorizada pelo Palhaço do Crime, foram baseadas em Nova York.
SUPEREGO, ID e EGO.

2 comentários:

  1. Para os Marvetes de plantão prometo que o artigo da semana que vem abordara mais a Marvel, mesmo porque ela merece.

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  2. Gostei do coringa, realmente como se para alguem se vc naum sabe o que esse cara pode fazer?

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